terça-feira, 6 de março de 2012

Pedalando pelos trilhos da Barroca

Já há algum tempo que a vontade de fazer a barroca vinha crescendo, trata-se de uma zona de trilhos nas margens do Trancão (Rio que desagua entre a Bobadela e Sacavém).

Há uns fins-de-semana atrás, apareceu a oportunidade, e como não podia deixar de ser lá me fiz à estrada.
Tinha pela frente aproximadamente 24 Km, sem grandes elevações. No mapa podem ver o esquema da volta.
Parti da Galp da Póvoa de Santa Iria por volta das 3 da tarde, segui pela N10 que agora se tornou o palco predilecto dos ciclistas de fim-de-semana como eu.
Passei pela Alcântara Açucares (Antiga Sores) e dirigi-me para a variante (IC2), uma vez que junto a ela existe uma via paralela apenas usada por camionistas para aceder a fábricas (FIMA, CAVAN, SPC, Etc).
Optei por usa-la porque ao fim de semana o trânsito nela é nulo, e ao seguir por ali evitava a subida da Robbialac em São João da Talha.

Claro que as situações mais caricatas acontecem onde menos se espera, quando passava junto à incineradora, deparo com  um senhor a passear o seu Pit Bull de carro, de facto assim é muito mais cómodo pelo menos o dono não se cansa.

Eu é que fiquei um bocado de pé atrás, pois sei que qualquer rafeiro que se preze adora correr e ladrar a uma bicicleta, e um Pit Bull não deve ser muito diferente.

Logo que pude fiz uma pequena paragem, neste caso junto ao depósito de contentores, só para confirmar que o cão e o dono haviam sumido.
Aproveitei para tirar uma foto da minha bike e beber água.
 
Quando estava a chegar ao pequeno casario junto ao Bairro da Petrogal, aparecem-me dois outros ciclistas. 
Aproveitei para meter conversa e saber de onde vinham, e fiquei surpreso quando me disseram que seguiam para Lisboa e já vinham a pedalar desde o Montijo (ora aí está uma boa volta de se fazer pensei eu). 
Passamos a passagem pedonal sobre a linha de comboio. 
Eles ficaram à conversa e eu despedi-me voltando ao pedal.
Eram quase 4h da tarde, quando cheguei à ponte sobre o rio Trancão em Sacavém.

Finalmente tinha chegado à entrada do desejado trilho que me levaria para o lado desconhecido e selvagem a que dão o nome de Barroca.

É costume ver montes de ciclistas a virar para ali quando passo por eles de carro, mas pelos visto agora que me havia proposto a desbravar este território, não iria ter a companhia de ninguém.

 A tarde estava espectacular, e apesar deste rio não ser propriamente dos mais limpos para se passear nas suas margens, assim que entrei no trilho as coisas começaram a mudar.

O som dos carros começou a ficar mais distante, algumas gaivotas fazia voos rasantes sobre a minha cabeça, como se quisessem dar-me as boas vindas.

De facto respirava-se tranquilidade.

Ao passar por baixo da A1, fiquei estupefacto  com a existência de cavalos por ali, aproveitei para fazer alguns registos fotográficos da situação, por forma a poder partilha-los aqui.


Encontrei um velho camião que resolveu terminar os seus dias por aquelas paragens, e mais uma vez não perdi a oportunidade de tirar uma fotografia.

Passei por algumas ruínas, que o tempo não consegui-o apagar e imaginei os seus tempos áureos. Muitas histórias se devem guardar entre as suas paredes.

Adorei fazer a parte do trilho mais elevada junto à margem, as lombas constantes e as marcas deixadas por motas e outras bicicletas em dias menos solarengos, tornaram aquele troço um "must".

Pude ainda dar conta que afinal este também é um dos muitos caminhos de Fátima, nada como ser peregrino para descobrir os pequenos recantos que se escondem à vista de muitos.

Segui adiante em direcção à Granja, passei por mais ruínas, e não posso deixar de deixar aqui uma nota negativa, para todos os que fazem deste nosso mundo um autêntico caixote de lixo a céu aberto, despejando entulho e coisas piores nas bermas destes caminhos.

Ao chegar a Alpriate, cheguei à conclusão que afinal não é só o caminho de Fátima, aqui já se faz menção aos Caminhos de Santiago, mas este amigos, se algum dia resolver fazê-lo, vou ter que tirar no mínimo uma férias grandes, digo-vos já que não é nada que nunca me tenha ocorrido à ideia.

Por fim e já quase a chegar de novo ao ponto de partida, não pude deixar de fazer um registo da famosa ponte para lado nenhum (só mesmo em Portugal!)


Até breve amigos!
Boas pedaladas!